As varizes são mais do que um incômodo estético. Elas podem causar dor, sensação de peso, cansaço nas pernas e, em casos mais graves, representar um risco à saúde vascular.
Se você tem uma sensação de peso no fim do dia, um ou dois novos vasinhos nas pernas aparecendo, um inchaço estranho (que costuma piorar em dias mais quentes), este guia é para você.
Aqui, vou esclarecer de forma completa:
- O que são varizes;
- Por que elas surgem;
- Quais os sintomas de varizes mais comuns;
- Quando você deve se preocupar;
- Quais são os tratamentos para varizes disponíveis;
- E o que você pode fazer para evitar varizes ou prevenir o agravamento das que já existem.
Minha ideia, com este conteúdo, é que você termine esta leitura entendendo melhor seu corpo e com clareza sobre seus próximos passos. Continue.
O que são varizes?
Varizes são veias que perderam sua função original. Elas se dilatam, tornam-se tortuosas e aparecem nas pernas — local onde o sangue encontra maior dificuldade para retornar ao coração, por conta da gravidade.
Em uma circulação saudável, a contração dos músculos das pernas (chamadas bombas musculares) impulsiona o sangue de volta ao coração. As válvulas unidirecionais, por sua vez, garantem que esse sangue não retorne, impedindo o refluxo.
Quando essas válvulas enfraquecem ou deixam de funcionar corretamente, o sangue se acumula nas veias, aumentando a pressão em seu interior e levando à dilatação.
Para facilitar a compreensão, costumo comparar a insuficiência venosa crônica ao trânsito de uma cidade grande.
Imagine uma via expressa onde os carros (o sangue) precisam fluir livremente para que tudo funcione bem. As válvulas venosas funcionam como semáforos: abrem e fecham no tempo certo para manter o fluxo adequado.
Quando essas válvulas se tornam incompetentes, o sangue começa a se retornar nas veias, aumentando a pressão em seu interior e levando à dilatação dessas estruturas — o que caracteriza o surgimento das varizes.
E antes que você pense que deu azar, saiba que é algo bastante comum. Cerca de 35% da população adulta brasileira apresenta algum grau de varizes, segundo a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).
Quais são os sintomas de varizes?
Os sintomas das varizes nem sempre são proporcionais ao que se vê externamente. Ou seja, é possível ter muitos vasinhos visíveis sem dor alguma ou sentir grande desconforto mesmo com alterações discretas na pele.
Os sinais que mais aparecem são:
- Sensação de peso nas pernas, especialmente ao final do dia
- Câimbras noturnas
- Dor em queimação ou fisgada ao longo das veias
- Inchaço nos tornozelos, que melhora ao elevar as pernas
- Coceira, principalmente nas áreas com vasinhos
- Escurecimento da pele, indicando alterações mais avançadas
Um ponto importante: esses sintomas tendem a piorar no calor e em períodos prolongados de inatividade (ficar sentado ou em pé por muito tempo). Isso ocorre porque o calor dilata ainda mais os vasos sanguíneos e favorece a estase venosa.
O que causa varizes?
Uma das primeiras perguntas que recebo no consultório, logo depois de “O que são varizes?“, é: “Mas por que elas aparecem?”. E a resposta é: por vários motivos (muitos deles fora do nosso controle, mas outros totalmente modificáveis).
As varizes têm causas multifatoriais. Isso significa que normalmente não é um único fator que desencadeia o problema, mas sim um conjunto de fatores que se somam ao longo do tempo. Vamos entender melhor:
Hereditariedade
Se alguém da sua família — principalmente pai, mãe ou avós — têm varizes, suas chances aumentam bastante. A genética é um fator importante e, nesses casos, o ideal é começar a se cuidar cedo para tentar retardar o aparecimento dos sintomas.
Gênero e hormônios
As mulheres têm mais chance de desenvolver varizes. Isso acontece porque os hormônios femininos (como o estrogênio e a progesterona) interferem diretamente no tônus das veias, deixando-as mais relaxadas.
Gravidez
Além das alterações hormonais, a gestação aumenta o volume de sangue circulando no corpo e o útero em crescimento acaba pressionando as veias da pelve. Tudo isso dificulta o retorno do sangue e favorece a formação de varizes, principalmente a partir do segundo trimestre.
Sedentarismo
Como comentei anteriormente, é a contração dos músculos das pernas (as chamadas bombas musculares) que ajuda a impulsionar o sangue de volta ao coração.
Quando você passa muito tempo sentada ou não pratica atividades físicas com frequência, esse mecanismo perde eficiência. O sangue se acumula nas pernas, aumenta a pressão nas veias e favorece o surgimento das varizes.
Excesso de peso
Na obesidade, o aumento da pressão intra-abdominal dificulta o retorno do sangue das pernas para o coração, favorecendo a estase venosa. Além disso, o excesso de peso costuma vir acompanhado de sedentarismo e alterações ortopédicas, que comprometem a função das bombas musculares.
É importante lembrar que tanto a obesidade quanto as varizes são condições inflamatórias, o que agrava ainda mais o quadro circulatório.
Posturas prolongadas
Ficar muito tempo em pé ou sentado compromete a circulação. Profissões como professoras, cabeleireiras, bancárias e cirurgiãs estão entre as mais expostas a esse risco.
O ideal é se movimentar de tempos em tempos para ativar o retorno venoso. Sempre que possível, reserve pelo menos 5 minutos a cada hora para caminhar ou alongar as pernas.
Tipos de varizes
As varizes não são todas iguais. Elas variam em tamanho, localização e profundidade, e essa classificação é importante tanto para o diagnóstico quanto para a escolha do tratamento mais adequado. Podemos dividi-las em cinco categorias principais:
1. Telangiectasias (ou vasinhos)
São aquelas veias bem finas, avermelhadas ou azuladas, que aparecem logo abaixo da pele.
Podem ou não causar sintomas físicos e, usualmente, geram desconforto estético, especialmente em mulheres jovens.
Sua presença pode indicar o início de um quadro de insuficiência venosa, mas nem sempre evoluem para formas mais graves.
2. Veias reticulares
São veias um pouco maiores que os vasinhos, com entre 3 e 4 mm, coloração azulada e que, geralmente, não são salientes.
Aparecem com frequência na parte posterior das pernas ou nas laterais das coxas.
Em geral, ainda não causam grandes sintomas, mas sinalizam comprometimento venoso mais profundo e podem ser as veias que alimentam as telangiectasias descritas acima.
3. Varizes tronculares
São as varizes clássicas: calibrosas, tortuosas, visíveis sob a pele, salientes e frequentemente acompanhadas de sintomas como dor, cansaço e inchaço.
Elas podem ser um sinal de doenças nas safenas e evoluir para complicações, se não forem tratadas.
4. Veias safenas
As veias safenas são veias das pernas que todos nós temos, e podem ser ou não doentes. Chamamos uma safena de doente quando ela apresenta refluxo — sendo essa a principal causa de varizes.
5. Varizes secundárias
Diferente da maioria das pessoas, que têm varizes primárias, as varizes secundárias surgem como consequência de outras doenças, como a trombose venosa profunda.
Nesses casos, a obstrução das veias profundas força o sangue a buscar caminhos alternativos pelas veias superficiais, que acabam se dilatando.
Exigem atenção especial, pois podem estar associadas a risco aumentado de complicações graves.
Quais complicações as varizes podem causar?
A maioria das pessoas com varizes não desenvolverá complicações. No entanto, em estágios mais avançados, algumas alterações podem surgir e estão associadas à progressão da insuficiência venosa.
É por isso que o acompanhamento e o tratamento são recomendados. A seguir, explico algumas dessas manifestações mais avançadas:
Úlceras venosas
São feridas de difícil cicatrização, que surgem geralmente na região dos tornozelos, após longos anos de má circulação.
Caracterizam-se por serem recorrentes — ou seja, cicatrizam e voltam a abrir com frequência — e podem acompanhar o paciente por muitos anos se não forem corretamente tratadas.
Em alguns casos, vemos pessoas convivendo com essas feridas há mais de duas décadas. O acompanhamento médico é essencial, e tratar as varizes pode ajudar a evitar novas recorrências.
Tromboflebite superficial (flebite)
É a inflamação de uma veia varicosa, acompanhada de formação de coágulo. Popularmente conhecida como flebite, essa condição deixa a região dolorida, endurecida e avermelhada.
Embora não seja tão perigosa quanto a trombose venosa profunda, pode causar bastante desconforto e exige tratamento específico.
Dermatite ocre e lipodermatoesclerose
São manifestações cutâneas que indicam um estágio mais avançado da insuficiência venosa — geralmente, o que antecede o surgimento das úlceras.
A dermatite ocre se caracteriza por manchas amarronzadas na pele, provocadas pelo extravasamento de sangue e acúmulo de pigmentos de ferro.
Já a lipodermatoesclerose corresponde ao enrijecimento do tecido subcutâneo, especialmente na região do tornozelo, deixando a pele fina, brilhante e mais vulnerável a traumas e infecções.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito por um angiologista ou cirurgião vascular — profissionais muitas vezes chamados de “médico de varizes”.
A primeira etapa é o exame clínico, que inclui a observação das veias visíveis, verificação de inchaço (edema), alterações na coloração da pele e avaliação dos sintomas relatados pelo paciente.
Mas o exame mais completo e decisivo é o ultrassom Doppler venoso, que permite avaliar tanto a anatomia (localização, tamanho e conexões das veias) quanto a função (presença ou não de refluxo).
Os principais guidelines reforçam que, quando o próprio médico que irá conduzir o tratamento realiza o exame, os resultados costumam ser mais efetivos (e a condução do caso, mais eficiente).
E mesmo em casos aparentemente simples, como o surgimento de vasinhos, o ultrassom é indicado.
Isso porque, em cerca de metade das pacientes, é possível identificar alterações em segmentos da veia safena — que nem sempre precisarão ser tratadas, mas devem ser monitoradas.
Quais são os tratamentos para varizes?
O tratamento depende da gravidade do quadro, do tipo de veia afetada e das queixas do paciente. Hoje, felizmente, existem várias abordagens disponíveis, como:
Tratamento clínico
O tratamento clínico é indicado para todas as pessoas com varizes. Seu principal objetivo é o controle dos sintomas, como dor, peso, inchaço e cansaço nas pernas.
Entre as principais medidas estão:
- Uso de meias elásticas de compressão graduada: melhoram o retorno venoso e aliviam sintomas como dor e inchaço. São especialmente indicadas para pessoas que passam muito tempo em pé ou sentadas.
- Medicamentos venotônicos: ajudam a melhorar o tônus das veias e reduzir a sensação de peso e dor. São adjuvantes, não curativos.
- Mudança de hábitos: exercícios físicos, elevação das pernas ao final do dia e reduzir o tempo em pé ou sentado são medidas simples, mas eficazes.
Procedimentos indicados
Quando o tratamento clínico não é suficiente, há veias mais comprometidas ou existe o desejo estético, seguimos por outra linha de cuidado. Nesses casos, estes são os procedimentos mais utilizados:
- Escleroterapia líquida ou com espuma: aplicação de uma substância dentro da veia, causando sua obliteração. Indicada para vasinhos e varizes nas pernas de pequeno a médio calibre. A espuma pode ser usada também para tratar safenas.
- Laser transdérmico: indicado para vasos menores, como veias reticulares e telangiectasias (vasinhos), podendo ou não ser associado à escleroterapia. Também é utilizado em vasos no rosto.
- Laser endovenoso (EVLT) / Técnica ATTA: é uma das técnicas mais modernas para o tratamento de varizes calibrosas, inclusive da veia safena.
Minimamente invasiva, utiliza calor para fechar a veia por dentro, com precisão e segurança.
O procedimento é feito na própria clínica, sem necessidade de internação hospitalar, sem cortes grandes e sem raquianestesia. A alta é imediata, a recuperação é rápida e o retorno às atividades acontece em pouco tempo.
- Safenectomia: retirada cirúrgica da veia safena, indicada quando ela está doente e comprometendo o sistema venoso. Precisa ser feita no hospital, com raquianestesia e a recuperação é mais longa.
- Flebectomias: remoção de segmentos de veias por microincisões. Costuma ser associada a outros procedimentos, como o laser endovenoso. Também é conhecida como microcirurgia de varizes ou cirurgia estética de varizes.
“Mas o tratamento para varizes dói?”: entenda como o desconforto pode ser zero
Essa é, de longe, uma das objeções mais comuns no consultório — especialmente quando falamos de técnicas como laser ou aplicação de espuma. E, com os avanços atuais, é possível fazer todo o tratamento para varizes com conforto.
Uma das tecnologias que nos permite isso é o uso do óxido nitroso, um anestésico inalatório que ajuda a controlar o desconforto e a ansiedade durante o procedimento.
Ele atua de forma leve, consciente, sem necessidade de internação ou recuperação prolongada. Na prática, o paciente se sente mais calmo, confortável e protegido da dor — o que torna o tratamento muito mais tranquilo.
Apesar de ser amplamente usado em países como Estados Unidos e Inglaterra, o óxido nitroso ainda é pouco presente nos consultórios brasileiros.
Em Recife, por exemplo, somos uma das poucas clínicas a utilizá-lo rotineiramente em procedimentos vasculares. Isso é sobre tornar a experiência do paciente mais segura, mais humana e mais leve.
Afinal, tratar varizes não precisa ser sinônimo de sofrimento. E não deve ser.
Como evitar varizes (ou prevenir a progressão)
Embora a genética seja um fator importante — e inevitável —, há muito o que se pode fazer para retardar o surgimento das varizes ou impedir que piorem.
- Mantenha-se ativo: atividades como caminhada, bicicleta e natação estimulam a bomba muscular da panturrilha.
- Controle o peso corporal: menos peso = menos pressão sobre as veias.
- Evite longos períodos na mesma posição: se trabalha muito tempo sentado ou em pé, se movimente por 5 minutos a cada 60 minutos parado.
- Eleve as pernas diariamente: descansar com as pernas para cima facilita o retorno venoso.
- Use meias de compressão, se indicado: principalmente em voos longos ou dias mais intensos.
- Prefira roupas confortáveis e evite saltos muito altos por tempo prolongado.
Essas medidas são simples, mas têm grande impacto quando adotadas com regularidade.
Dúvidas frequentes sobre varizes
Durante as consultas, é comum que algumas dúvidas se repitam — e, por isso, vale esclarecê-las, já que podem fazer toda a diferença na forma como você entende e cuida das suas varizes. A seguir, respondo as mais frequentes:
Varizes são só uma questão estética?
Não. Apesar de muitas pessoas se preocuparem apenas com o aspecto visual, as varizes são um sinal de insuficiência venosa crônica e podem evoluir para complicações mais graves. O incômodo estético pode ser o primeiro alerta de um problema funcional.
É possível eliminar varizes com cremes ou medicamentos?
Não. Cremes podem aliviar sintomas como ardência ou coceira, mas não tratam a causa. Medicamentos venotônicos auxiliam no alívio de sintomas, mas não eliminam as veias comprometidas. A resolução definitiva depende de procedimentos médicos.
Depois de tratadas, as varizes podem voltar?
Na verdade, o tratamento elimina as varizes existentes. O que pode surgir ao longo do tempo são novas veias comprometidas, especialmente se os fatores de risco não forem controlados.
Por isso, é fundamental um diagnóstico preciso, um plano de tratamento completo e um acompanhamento periódico. A frequência dessa manutenção depende da tendência individual de cada paciente a desenvolver novas varizes.
As varizes aparecem apenas em pessoas mais velhas?
Não. Embora sejam mais comuns com o avanço da idade, jovens também podem desenvolvê-las — especialmente mulheres em uso de anticoncepcional, gestantes ou pessoas com histórico familiar.
Fazer exercício físico piora as varizes?
Muito pelo contrário, praticar atividades físicas estimula a circulação e, além disso, ajuda a prevenir o agravamento da doença venosa.
Existe tratamento para varizes em Recife que não envolva dor?
Sim. Hoje, já é possível tratar varizes com técnicas modernas e minimamente invasivas, como a técnica ATTA.
Aqui na clínica, em Recife, oferecemos esse tipo de tratamento com o apoio do óxido nitroso, uma tecnologia que proporciona conforto durante o procedimento e elimina o desconforto que tantas pessoas temem.
Varizes têm solução (e ignorá-las não é a melhor escolha)
As varizes são comuns, mas não devemos tratá-las como algo normal. Elas sinalizam que o sistema circulatório está sobrecarregado, e quanto mais cedo o médico investiga, mais simples tende a ser o tratamento.
Com os avanços na medicina vascular, hoje é possível tratar varizes com conforto, segurança e ótimos resultados estéticos e funcionais. Cuidar das suas pernas é, também, uma forma de cuidar da sua saúde como um todo.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a avaliação médica individualizada. Em caso de dúvidas ou necessidade de orientação, entre em contato. Ficarei feliz em ajudar.