Veia safena tem a ver com varizes? Depende (e aqui está o porquê)

Dra. Catarina Almeida

Dra. Catarina Almeida

Médica especializada em Cirurgia Vascular, Endovascular e Tratamento de Varizes.

Você já ouviu alguém dizer que “precisou tirar a veia safena”?

Talvez até tenha sentido um frio na barriga só de ouvir…

A ideia de mexer com uma veia tão importante — que percorre a perna inteira — costuma assustar. Parece grave, perigoso ou até definitivo.

Mas será que é mesmo?

A verdade é que a veia safena está no centro de boa parte das conversas quando o assunto são varizes.

Muita gente passa anos convivendo com dores, inchaços e desconfortos nas pernas sem saber que o problema pode estar justamente nela, ou, mais precisamente, nas suas válvulas que deixam de funcionar direito com o tempo.

  • Mas afinal, o que é a veia safena?
  • Por que ela se envolve tanto nos quadros de varizes?
  • E o que acontece quando ela precisa ser tratada ou retirada?

Se essas perguntas já passaram pela sua cabeça — seja por curiosidade, medo ou porque você ouviu o médico mencioná-las em um exame — este conteúdo é pra você.

Aqui, você vai entender de forma leve e completa tudo sobre a veia safena e sua relação com as varizes, inclusive quando a cirurgia da veia safena é indicada, como ela funciona, e o que esperar do tratamento.

Vamos começar do começo: o que é uma veia?

Foto de antes e depois do tratamento de varizes em uma paciente. À esquerda, as pernas apresentam marcas de caneta para mapeamento das veias; à direita, após o tratamento, a pele está mais uniforme e sem sinais visíveis de varizes.

No nosso corpo, o sangue circula por uma rede de tubos chamada sistema circulatório, que é dividido em dois grandes grupos:

🟥 As artérias, que levam o sangue rico em oxigênio do coração para o corpo;
🟦 E as veias, que fazem o caminho de volta, trazendo o sangue de volta ao coração.

Nas pernas, esse retorno não é tão simples quanto parece.

O sangue precisa subir, contra a gravidade. E para isso dar certo, as veias contam com pequenas “portinhas” dentro delas chamadas válvulas (que se abrem para o sangue passar e se fecham logo depois, para que ele não volte). 

Quando essas válvulas não funcionam bem, o sangue se acumula ali, como se formasse um bolsão. Com o tempo, isso pode causar sintomas como peso, inchaço, dor, sensação de queimação… e também as varizes.

É por isso que entender o que são varizes, por que aparecem e como tratar sem dor é tão importante para quem começa a sentir as pernas diferentes do normal.

Veia safena magna e parva

Quando falamos de varizes, algumas veias costumam ganhar destaque — principalmente as veias safenas, que são veias superficiais importantes no sistema venoso das pernas.

Você sabia que temos três veias safenas em cada perna?

  • A safena magna, mais conhecida, vai do tornozelo até a virilha, passando pela parte interna da perna.
  • A safena parva percorre a parte de trás da perna, do tornozelo até a região posterior do joelho.
  • E há ainda a safena anterior, uma veia que tem recebido mais atenção nos últimos anos, por estar frequentemente associada a varizes na face anterior das pernas e também a recidivas de varizes (quando surgem novas varizes após o tratamento da safena magna).

Essas três veias ficam mais próximas da pele e, por isso, são mais suscetíveis ao desenvolvimento de refluxo — ou seja, quando o sangue começa a descer em vez de subir.

Por isso, ao falarmos em veia safena magna e parva, estamos nos referindo às principais veias envolvidas nos quadros de varizes mais visíveis e sintomáticos.

O que acontece quando a veia safena está doente?

Mulher jovem com expressão de preocupação, sentada com as mãos no rosto, usando um moletom bege em frente a uma parede clara de tijolos.

Quando a veia safena apresenta refluxo — ou seja, o sangue desce em vez de subir — ela deixa de ajudar e passa a atrapalhar.

O sangue começa a se acumular, a pressão dentro da veia aumenta, e isso pode gerar não só as varizes, mas também sintomas como dor, sensação de peso, câimbras noturnas, inchaço e até escurecimento da pele ao redor dos tornozelos.

É por isso que, nos exames de imagem — como o Doppler venoso —, sempre avaliamos as veias safenas magna, parva e acessória.

A safena acessória ainda não é obrigatória nos protocolos da ANS, mas clinicamente tem ganhado cada vez mais relevância.

Ela está associada a varizes na face anterior da coxa e da perna, além de casos em que novas varizes surgem mesmo após o tratamento da safena magna. Por isso, eu sempre incluo essa avaliação nos meus exames.

Essas são as veias que, quando doentes, costumam ser a principal causa dos quadros de varizes mais avançados.

E aqui entra uma dúvida muito comum no consultório…

“Se a veia safena está doente, ela precisa ser retirada?”

A resposta é: nem sempre.

Existem diversas formas de tratar a veia safena, e a cirurgia da veia safena, como era feita antigamente (com cortes maiores e retirada total), hoje já tem alternativas muito menos invasivas.
Na maioria dos casos, conseguimos tratar por dentro da veia, com laser, sem necessidade de cortes visíveis.

Hoje, o endolaser é considerado o padrão ouro no mundo para esse tipo de tratamento. A exceção são veias muito dilatadas — nesses casos, ainda pode ser indicada a retirada cirúrgica (safenectomia).

Esse tipo de abordagem é seguro, eficaz e, em muitos casos, pode ser feito com anestesia local e sedação leve, no próprio consultório ou em ambiente ambulatorial.
Ou seja, não exige internação, e o retorno à rotina acontece rapidamente.

Além disso, é importante lembrar: a veia safena não é essencial para o funcionamento da sua circulação. A principal via de retorno do sangue nas pernas acontece pelas veias profundas, como a femoral e a poplítea.

O corpo tem outras veias que assumem o trabalho da safena quando ela é retirada ou “desativada”. O que não pode é deixar uma veia safena magna ou parva doente seguir causando prejuízos à sua saúde.

Quando o médico retira a safena, por onde o sangue passa?

Close das pernas de uma mulher tocando uma área com varizes visíveis na parte superior da panturrilha, usando shorts bege, em fundo neutro

Essa é uma dúvida muito comum — e super válida!

Quando a gente retira ou desativa a safena, o sangue não fica “perdido” no corpo. Outras veias — que já estão ali, funcionando bem — assumem esse caminho. O organismo se adapta rapidamente.

É como se a cidade fechasse uma rua e os carros passassem a usar vias alternativas, entende? 

É claro que esse processo precisa ser bem indicado. Ninguém tira uma veia só porque quer. Por isso, fazemos exames como o Doppler vascular, que mostra se a safena está doente, se tem refluxo e como está o funcionamento geral das suas veias.

Nem sempre que há varizes, a safena está envolvida

Médica com jaleco branco e estetoscópio no pescoço, olhando para a câmera com leve sorriso e expressão de 'sim, é isso mesmo', com os braços abertos e as palmas voltadas para cima.

Existem muitos tipos de varizes — e nem todas têm a ver com a safena. 

Às vezes, o problema está em veias mais superficiais, bem fininhas, que causam apenas um incômodo estético.

Mas nem sempre é assim. Em outros casos, a origem está em veias mais profundas — como as varizes pélvicas ou as veias perfurantes, que exigem uma investigação mais cuidadosa e, muitas vezes, outro tipo de tratamento.

Por isso, é essencial fazer uma avaliação individualizada, com exame e consulta especializada. E quando o exame mostra que a veia safena está saudável, a condução do tratamento é diferente.

E se a safena estiver saudável?

Mulher caminhando na beira do mar durante o pôr do sol, com os pés na água e vestindo um vestido estampado.

Ótimo!

Muitas vezes, descobrimos que a safena está funcionando bem, e o problema está restrito a veias menores.

Nesse caso:

  • A safena é preservada
  • O tratamento é mais simples (escleroterapia ou laser)
  • E o prognóstico é excelente

Além disso, vale lembrar: em algumas situações clínicas, como em cirurgias cardíacas, uma veia safena saudável pode ser usada como enxerto — como acontece na cirurgia de ponte de safena, em que ela é utilizada para desviar obstruções nas artérias do coração.

Esse é mais um reforço para que o tratamento seja feito com critério.

A veia safena pode voltar depois de retirada?

Pessoa sentada em uma cama, com os joelhos dobrados e abraçados junto ao peito, vestindo blusa de manga comprida cinza e calça jeans.

Quando o médico retira a safena por cirurgia, ela não volta — mas o corpo pode formar outras veias dilatadas no mesmo trajeto, o que dá a sensação de que “as varizes voltaram”.

Isso acontece se:

  • A causa do refluxo original não foi tratada por completo
  • O paciente tem predisposição genética forte
  • Há obesidade, sedentarismo ou outras condições associadas

Por isso, o acompanhamento a longo prazo é tão importante quanto o tratamento inicial.

Como o médico chega ao diagnóstico?

Imagem de antes e depois de tratamento de varizes. À esquerda, perna com veias dilatadas e salientes; à direita, mesma perna com aparência mais uniforme

Tudo começa com uma avaliação presencial com um cirurgião vascular

Durante a consulta, além do exame físico, o médico pode solicitar um ultrassom com Doppler venoso — um exame indolor, rápido e fundamental para entender a circulação das suas pernas.

Com ele, conseguimos identificar:

  • O sentido do fluxo sanguíneo;
  • A velocidade do refluxo (se houver);
  • E a anatomia da sua veia safena, suas conexões, ramificações e possíveis pontos de falha.

Com essas informações, é possível montar um plano de tratamento, pensando em você como um todo — e não apenas nas varizes que estão visíveis na pele.

Se suas pernas pedem cuidado, aqui está um bom começo

Se você chegou até aqui, já entendeu que a veia safena tem, sim, um papel importante nos quadros de varizes — mas isso não significa que ela sempre precisa ser retirada, nem que o tratamento será complicado.

Com um bom exame, conseguimos avaliar se a veia safena magna, a veia safena parva, ou nenhuma delas está envolvida. A partir disso, traçamos o melhor plano. Se você está em Recife e sente que suas pernas pedem atenção, posso te ajudar. Entre em contato.

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