Você já ouviu alguém dizer que “precisou tirar a veia safena”?
Talvez até tenha sentido um frio na barriga só de ouvir…
A ideia de mexer com uma veia tão importante — que percorre a perna inteira — costuma assustar. Parece grave, perigoso ou até definitivo.
Mas será que é mesmo?
A verdade é que a veia safena está no centro de boa parte das conversas quando o assunto são varizes.
Muita gente passa anos convivendo com dores, inchaços e desconfortos nas pernas sem saber que o problema pode estar justamente nela, ou, mais precisamente, nas suas válvulas que deixam de funcionar direito com o tempo.
- Mas afinal, o que é a veia safena?
- Por que ela se envolve tanto nos quadros de varizes?
- E o que acontece quando ela precisa ser tratada ou retirada?
Se essas perguntas já passaram pela sua cabeça — seja por curiosidade, medo ou porque você ouviu o médico mencioná-las em um exame — este conteúdo é pra você.
Aqui, você vai entender de forma leve e completa tudo sobre a veia safena e sua relação com as varizes, inclusive quando a cirurgia da veia safena é indicada, como ela funciona, e o que esperar do tratamento.
Vamos começar do começo: o que é uma veia?
No nosso corpo, o sangue circula por uma rede de tubos chamada sistema circulatório, que é dividido em dois grandes grupos:
🟥 As artérias, que levam o sangue rico em oxigênio do coração para o corpo;
🟦 E as veias, que fazem o caminho de volta, trazendo o sangue de volta ao coração.
Nas pernas, esse retorno não é tão simples quanto parece.
O sangue precisa subir, contra a gravidade. E para isso dar certo, as veias contam com pequenas “portinhas” dentro delas chamadas válvulas (que se abrem para o sangue passar e se fecham logo depois, para que ele não volte).
Quando essas válvulas não funcionam bem, o sangue se acumula ali, como se formasse um bolsão. Com o tempo, isso pode causar sintomas como peso, inchaço, dor, sensação de queimação… e também as varizes.
É por isso que entender o que são varizes, por que aparecem e como tratar sem dor é tão importante para quem começa a sentir as pernas diferentes do normal.
Veia safena magna e parva
Quando falamos de varizes, algumas veias costumam ganhar destaque — principalmente as veias safenas, que são veias superficiais importantes no sistema venoso das pernas.
Você sabia que temos três veias safenas em cada perna?
- A safena magna, mais conhecida, vai do tornozelo até a virilha, passando pela parte interna da perna.
- A safena parva percorre a parte de trás da perna, do tornozelo até a região posterior do joelho.
- E há ainda a safena anterior, uma veia que tem recebido mais atenção nos últimos anos, por estar frequentemente associada a varizes na face anterior das pernas e também a recidivas de varizes (quando surgem novas varizes após o tratamento da safena magna).
Essas três veias ficam mais próximas da pele e, por isso, são mais suscetíveis ao desenvolvimento de refluxo — ou seja, quando o sangue começa a descer em vez de subir.
Por isso, ao falarmos em veia safena magna e parva, estamos nos referindo às principais veias envolvidas nos quadros de varizes mais visíveis e sintomáticos.
O que acontece quando a veia safena está doente?
Quando a veia safena apresenta refluxo — ou seja, o sangue desce em vez de subir — ela deixa de ajudar e passa a atrapalhar.
O sangue começa a se acumular, a pressão dentro da veia aumenta, e isso pode gerar não só as varizes, mas também sintomas como dor, sensação de peso, câimbras noturnas, inchaço e até escurecimento da pele ao redor dos tornozelos.
É por isso que, nos exames de imagem — como o Doppler venoso —, sempre avaliamos as veias safenas magna, parva e acessória.
A safena acessória ainda não é obrigatória nos protocolos da ANS, mas clinicamente tem ganhado cada vez mais relevância.
Ela está associada a varizes na face anterior da coxa e da perna, além de casos em que novas varizes surgem mesmo após o tratamento da safena magna. Por isso, eu sempre incluo essa avaliação nos meus exames.
Essas são as veias que, quando doentes, costumam ser a principal causa dos quadros de varizes mais avançados.
E aqui entra uma dúvida muito comum no consultório…
“Se a veia safena está doente, ela precisa ser retirada?”
A resposta é: nem sempre.
Existem diversas formas de tratar a veia safena, e a cirurgia da veia safena, como era feita antigamente (com cortes maiores e retirada total), hoje já tem alternativas muito menos invasivas.
Na maioria dos casos, conseguimos tratar por dentro da veia, com laser, sem necessidade de cortes visíveis.
Hoje, o endolaser é considerado o padrão ouro no mundo para esse tipo de tratamento. A exceção são veias muito dilatadas — nesses casos, ainda pode ser indicada a retirada cirúrgica (safenectomia).
Esse tipo de abordagem é seguro, eficaz e, em muitos casos, pode ser feito com anestesia local e sedação leve, no próprio consultório ou em ambiente ambulatorial.
Ou seja, não exige internação, e o retorno à rotina acontece rapidamente.
Além disso, é importante lembrar: a veia safena não é essencial para o funcionamento da sua circulação. A principal via de retorno do sangue nas pernas acontece pelas veias profundas, como a femoral e a poplítea.
O corpo tem outras veias que assumem o trabalho da safena quando ela é retirada ou “desativada”. O que não pode é deixar uma veia safena magna ou parva doente seguir causando prejuízos à sua saúde.
Quando o médico retira a safena, por onde o sangue passa?
Essa é uma dúvida muito comum — e super válida!
Quando a gente retira ou desativa a safena, o sangue não fica “perdido” no corpo. Outras veias — que já estão ali, funcionando bem — assumem esse caminho. O organismo se adapta rapidamente.
É como se a cidade fechasse uma rua e os carros passassem a usar vias alternativas, entende?
É claro que esse processo precisa ser bem indicado. Ninguém tira uma veia só porque quer. Por isso, fazemos exames como o Doppler vascular, que mostra se a safena está doente, se tem refluxo e como está o funcionamento geral das suas veias.
Nem sempre que há varizes, a safena está envolvida
Existem muitos tipos de varizes — e nem todas têm a ver com a safena.
Às vezes, o problema está em veias mais superficiais, bem fininhas, que causam apenas um incômodo estético.
Mas nem sempre é assim. Em outros casos, a origem está em veias mais profundas — como as varizes pélvicas ou as veias perfurantes, que exigem uma investigação mais cuidadosa e, muitas vezes, outro tipo de tratamento.
Por isso, é essencial fazer uma avaliação individualizada, com exame e consulta especializada. E quando o exame mostra que a veia safena está saudável, a condução do tratamento é diferente.
E se a safena estiver saudável?
Ótimo!
Muitas vezes, descobrimos que a safena está funcionando bem, e o problema está restrito a veias menores.
Nesse caso:
- A safena é preservada
- O tratamento é mais simples (escleroterapia ou laser)
- E o prognóstico é excelente
Além disso, vale lembrar: em algumas situações clínicas, como em cirurgias cardíacas, uma veia safena saudável pode ser usada como enxerto — como acontece na cirurgia de ponte de safena, em que ela é utilizada para desviar obstruções nas artérias do coração.
Esse é mais um reforço para que o tratamento seja feito com critério.
A veia safena pode voltar depois de retirada?
Quando o médico retira a safena por cirurgia, ela não volta — mas o corpo pode formar outras veias dilatadas no mesmo trajeto, o que dá a sensação de que “as varizes voltaram”.
Isso acontece se:
- A causa do refluxo original não foi tratada por completo
- O paciente tem predisposição genética forte
- Há obesidade, sedentarismo ou outras condições associadas
Por isso, o acompanhamento a longo prazo é tão importante quanto o tratamento inicial.
Como o médico chega ao diagnóstico?
Tudo começa com uma avaliação presencial com um cirurgião vascular.
Durante a consulta, além do exame físico, o médico pode solicitar um ultrassom com Doppler venoso — um exame indolor, rápido e fundamental para entender a circulação das suas pernas.
Com ele, conseguimos identificar:
- O sentido do fluxo sanguíneo;
- A velocidade do refluxo (se houver);
- E a anatomia da sua veia safena, suas conexões, ramificações e possíveis pontos de falha.
Com essas informações, é possível montar um plano de tratamento, pensando em você como um todo — e não apenas nas varizes que estão visíveis na pele.
Se suas pernas pedem cuidado, aqui está um bom começo
Se você chegou até aqui, já entendeu que a veia safena tem, sim, um papel importante nos quadros de varizes — mas isso não significa que ela sempre precisa ser retirada, nem que o tratamento será complicado.
Com um bom exame, conseguimos avaliar se a veia safena magna, a veia safena parva, ou nenhuma delas está envolvida. A partir disso, traçamos o melhor plano. Se você está em Recife e sente que suas pernas pedem atenção, posso te ajudar. Entre em contato.